Eu preciso aprender a ser menos. Menos dramática.
Menos intensa. Menos exagerada. Alguém já desejou isso
na vida: ser menos? Pois é. Estranho. Mas eu preciso.
Nesse minuto, nesse segundo, por favor, me bloqueie o coração, me cale o pensamento, me dê uma droga forte
para tranquilizar a alma. Porque eu preciso. E preciso muito. Eu preciso diminuir o ritmo, abaixar o volume, andar na velocidade permitida, não atropelar quem chega não tropeçar em mim mesma. Eu preciso respirar. Me aperte o pause, me deixe em stand by, eu não dou conta do meu coração que quer muito. Eu preciso desatar o nó. Eu preciso sentir menos, sonhar menos, amar menos, sofrer menos ainda. Onde está a placa de PARE bem no meio da minha frase? Confesso: eu não consigo. Nada em mim pára nada em mim é morno, nada é pouco, não existe sinal vermelho no meu caminho que se abre e me chama.E eu vou... Com o coração na mochila, rímel nos olhos, o sorriso e a dúvida, a coragem e o medo, mas vou. Não digo: "estou indo", não digo: "daqui a pouco", nada tem hora a não ser agora. Existe aí algum remedinho para não-sentir? Existe alguma terapia, acupuntura, pedras, cores e aromas para me calar a alma e deixar mudo o pensamento? Quer saber? Existe. Existe e eu preciso. Preciso e não quero.